O café de fevereiro tem um sabor muito especial para o Have a Coffee: ele é um legítimo fruto das
relações que a gente tanto estimula entre toda a cadeia cafeeira. É uma confirmação de que
plantamos exatamente o que gostaríamos de ver florescendo. E tudo começou com aquele dedo
de prosa entre dois apaixonados por café.
Há quatro anos, Sergio Rabello, administrador especializado em comércio exterior, assumia os
negócios da fazenda do pai, uma das maiores da região do Alto Caparaó. Recém-adaptado ao
campo, foi questão de tempo até que Alexandre Emerich, produtor bastante conhecido (e
reconhecido) pelos nossos assinantes, três vezes nas seleções dos nossos pacotes, cruzasse o
seu caminho. Ali começava uma parceria que, temos certeza absoluta, vai render muitos frutos,
daqueles bem doces.
“- Eu já conhecia a Fazenda Rabello desde a época em que a propriedade ainda era do pai do Sergio. Até que recentemente bebi um café dele numa mesa de prova e fiquei bastante impressionado. Sabendo da altitude e da variedade que ele cultivava, percebi que havia ali um potencial muito grande para cafés especiais. Fui até lá e perguntei se ele tinha interesse em melhorar a produção. Dali pra frente, nos tornamos parceiros.”
– explica Alexandre.
Amor por café é hereditário
Infraestrutra, conhecimento e amor pelo fruto, Sergio e sua família já têm de sobra. Seu pai, um
homem que não deixava ninguém pôr as mãos em suas lavouras, levava o café muito a serio. A
paixão era tanta, que não era difícil encontrá-lo descansando em cima de uma pilha de sacas de
juta. Aos 90 anos, doou a propriedade aos filhos, com a condição de que um deles fosse o
administrador. Sergio acabou comprando toda a propriedade e assumindo a frente dos negócios.
Essas e outras reminiscências fortaleceram a relação de Sergio com o café:
“- Acompanhei a compra e o crescimento da fazenda desde muito pequeno, quando tinha apenas 10 anos de idade. Iniciei minha carreira profissional sempre direcionada ao comercio exterior e, no fundo, sonhava com o café da Serra do Caparaó comercializado diretamente no exterior. Esse sonho teve seu início quando meu pai escoou um lote de cafe até o porto de Santos, na década de 60, e na prova a bebida apresentou notas de jabuticaba. Isso ficou na minha cabeça. Sempre soube que o Caparaó tinha esse diferencial.”
Esse café vai longe
À frente da fazenda, Sergio agora tem o desafio de unir sua experiência em comércio e
administração com o cultivo do café que seu pai tanto amava. Se depender dele, a produção vai,
literalmente, decolar. Alguns lotes já foram enviados para Portugal para serem distribuídos pela
Europa. Alexandre chegou para somar:
– Os cafés já eram muito bons e precisavam de assessoria apenas no que diz respeito ao pós-colheita, como a secagem. Todos os processos que o Sergio utiliza são muito bem executados, com muito capricho. A ideia é aumentar a pontuação implementando práticas ainda mais rigorosas. Já conseguimos ótimos resultados.”
– comemora.
O catuaí vermelho especial da Fazenda Rabello é cultivado a 1300 metros de altitude. O momento
da colheita foi determinado de forma que a maturação se desse bem uniformemente. O resultado
na xícara é uma bebida bastante frutada, com fermentação natural. Tem aquele aroma delicioso
de caramleo e chocolate ao leite, leve e agradável na boca.
Café é qualidade de vida
O interessante dessa história de parceria entre Sergio e Alexandre, além da amizade que os dois
cultivam com o mesmo carinho com que tratam suas lavouras, é o fortalecimento dos elos da
cadeia de produção: pequenos produtores assessorando os grandes, ambos trocando
experiências. A Fazenda Rabello, ao invés de trabalhar com volume, visando apenas os números
e o lucro, está interessada em melhorar a prática do pós-colheita, proporcionando aos
consumidores mais qualidade, sem abrir mão da sustentabilidade.
– O Sergio está querendo viver com qualidade, proporcionando um café também de qualidade. Ele
e sua esposa, Maria Emilia, que nasceu e foi criada na cidade, estão bastante empenhados em
desenvolver essa nova etapa da vida no campo – celebra Alexandre.
Bora beber?
Os primeiros lotes ficaram prontos e são eles que os nossos assinantes vão ter o prazer de
provar. E se depender dessa parceria entre produtores, evoluindo e trocando conhecimento, mais
pra frente vamos precisar de um repeteco!
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Eduardo Frota é jornalista, barista e apaixonado por café