Era um dia de colheita na paisagem urbana da cidade – ali, em plena Ladeira da Glória, onde foi plantada a semente do Rio Faz Café. Os agricultores dessa ideia – o Have a Coffee e a Casa da Glória – resolveram misturar suas experiências. O resultado foi um blend ímpar! Em uma linda manhã de sábado, o evento reuniu em um só lugar quem bebe, quem empreende, quem prepara e quem planta café, promovendo muita troca de experiência e conhecimento.
 
Como na fazenda, o bom é ter a casa cheia. E assim foi. Quem chegava, ganhava logo um adesivo para se identificar como barista, produtor, empresário ou – o mais disputado de todos – um apaixonado por café. Era o empurrãozinho para quebrar o gelo e circular pelo local trocando ideias, ouvindo histórias e provando muito café bom.
 
 

Quem planta

Zé Rubens, da Fazenda São Lourenço, foi um dos produtores que viajou de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo, até o Rio de Janeiro para participar do evento. Ficou espantado com a quantidade de métodos diferentes de preparo do café, apresentados a ele pelos baristas que preparavam a bebida para ser consumida ali mesmo, com grãos frescos e selecionados.
 

“- Para nós, produtores, era fundamental conhecer a outra ponta. Sabíamos que produzíamos um café de qualidade, mas é importante ver como ele é consumido. Aqui tem até café gelado!”

Contou Zé Rubens.
 
O evento também foi fundamental para deixar claro aos apaixonados por café os custos elevados que dão a diferença de qualidade de um café especial para um grão vendido como commodity para grandes grupos comerciais. Zé Rubens acredita que estreitar os laços com toda a cadeia produtiva do café, da lavoura à xícara, ajudou os pequenos produtores:
 

“- O Coletivo Café, em Venda Nova do Imigrante, tem um papel fundamental na valorização do produtor local. Antigamente, por falta de conhecimento, um importador comprava a maior parte das sacas de café da região a um preço muito baixo. Agora, estreitando os laços com o consumidor, somos mais valorizados e temos nosso trabalho reconhecido.”

 

Quem bebe

Ela, arquiteta. Ele, engenheiro. Os dois apaixonados por café. Sylvia e Marcos Limberger ficaram sabendo do Rio Faz Café pelas redes sociais. Há mais ou menos quatro anos, o casal começou a apreciar cafés especiais. Desde então, um acompanha o outro nas descobertas por novos aromas e sabores.
 

– Tudo começou quando fizemos uma viagem à Colômbia e provamos um café local muito bom. De volta ao Brasil, começamos a pesquisar bons cafés para tomar por aqui.”

Conta Sylvia, que estava provando uma bebida recém-extraída de um AeroPress.

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Sylvia e Marcos Limberger degustando um café extraído na Aeropress® pela equipe da Fazenda Paradiso Café
Os dois, que já conseguem distinguir aromas e sabores, aproveitaram a ocasião para aprimorar o preparo do café em casa e participaram de uma oficina de métodos caseiros. O professor foi ninguém menos que o atual campeão brasileiro de AeroPress, Leonardo Gonçalves, do Café ao Leu.

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Leonardo Gonçalves foi quem conduziu a oficina de métodos.

Quem faz

Rodolfo Reis fez curso da barista, mas não trabalha na área. Apreciador de bons cafés, está sempre atrás de novidades e grãos de diferentes produtores. E qual não foi a sua surpresa quando soube que, ali do lado, estava o produtor de um dos três pacotes de café que ele estava levando para casa? Deneval Vieira, do sítio Cordilheiras do Caparaó, explicou a Rodolfo todo o processo de produção do grão que ele, muito em breve, iria preparar em casa. Falou sobre o tipo de secagem que utiliza, mostrou fotos do seu terreiro suspenso e explicou as influências do clima e do solo na nutrição e na maturação de seus pés de café.
 
Produtor e consumidor trocando ideia
 Consumidor e produtor trocando muito conhecimento. 

“- Hoje em dia tratamos a natureza de forma correta, num processo artesanal que envolve toda a família”

contou Deneval, que também falou como consegue notas aromáticas diferenciadas para o seu café.

 
Rodolfo aprovou o papo:
 

“- É muito bacana conhecer o processo desde o início. Tinha essa curiosidade de saber qual era o caminho que o café percorria até chegar a minha casa, a minha cozinha e a minha xícara. É impressionante como uma pequena mudança de gestão pode transformar um café que antes era desvalorizado em café especial.”

 

Quem empreende

Os donos de cafeteria também estavam presentes – não apenas vendendo os seus cafés, mas também compartilhando gentilmente todo o conhecimento que têm sobre o negócio em palestras e bate-papos, construindo um sólido cenário sobre as tendências de consumo de café especial no Rio de Janeiro.
 
No estande do Sofá Café, o método de extração com um sifão fazia sucesso ao lado de bolos deliciosos para acompanhar. Anna e Carmem, as sócias do empreendimento, também falaram ao público presente como transformaram sua marca de cafeteria para casa de café especial. Já no Café Secreto, a novidade era o Tropicaos, uma deliciosa bebida que leva café, água de coco, gelo, essência de baunilha e uma dose de cachaça mineira. Renato Gutierres, um dos baristas do Secreto, falou sobre as características do consumo de café especial pelo público brasileiro.
 
A Fazenda Paradiso, além do seu próprio grão, produzido em Minas Gerais, levou para o evento um pão de queijo para mineiro nenhum botar defeito. Marina Veloso aproveitou a ocasião para ministrar duas oficinas: a primeira, de introdução à prova de café especial; e asegunda, sobre noções de campo.
 

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Que venha logo a próxima edição!