O café de fevereiro é resultado de uma parceria entre o produtor José Renato Rodrigues Alves e o empresário Paulo Menezes que, em busca de mudar de vida e se entregar ao mundo do café, se jogou de cabeça para entender esse mercado. Decidiu então arrendar a propriedade Terra Nova em Piatã-BA que fica na bem conhecida Chapada Diamantina.

Paulo Menezes

Com foco em replicar o sucesso da propriedade do Renato, na Vista Alegre-BA, os dois formaram uma aliança para se chegar num café mais que especial.

Especialista em colheita e pós-colheita, o Renato destaca que quando começou os trabalhos em Terra Nova, se deparou com outra estrutura de terreiro, despolpador, desmucilador, entradas de ventilação (pois eram estufas fechadas), nada do que estava acostumado. Esses são alguns exemplos de tudo que tiveram que entender para adaptar as novas ferramentas e conceitos aos processos que já eram referência.

José Renato Alves

“Foi desafiador e gratificante. Consegui provar que todo cuidado no pós-colheita pode-se criar uma identidade para o café. Separei lotes diariamente no terreiro para provar e entender os melhores cafés e mais próximos do perfil que julgava ideal.”

José Renato Alves

Mas a evolução com experimentos que o Renato fez foi nítida e ele conseguiu chegar nos mesmos resultados positivos que já havia feito na Vista Alegre.

“Quando comecei a pedir avaliação de alguns Q-Graders, a pontuação chegava entre 83 e 84, mas chegamos além. E isso se deveu, acredito eu, pela maturação maior do fruto na planta além do que, entendi a melhor forma de tratar esse café no pós-colheita. Os maiores destaques nos cafés vieram no final da colheita, quando eu já estava dominando a logística de processamento. Desde a secagem até chegar na umidade correta para ir ao armazém.”

José Renato Alves

Com o relato do Renato, percebemos o cuidado especializado e controlado que ele implantou na lavoura para atingir seu objetivo maior de chegar no café de qualidade. Assim, pode oferecer aos nossos assinantes, um café com as características do terroir local e outras que só se consegue com muito cuidado e carinho nos processos.

“O Café que foi para o clube é natural e coloquei o café em saco plástico por 90 dias para descansar, até uniformizar todos os grão numa mesma umidade e padrão. Pois dependemos do sol e com isso não temos controle total da secagem de cada grão e esse descanso garante um melhor resultado já que os grãos trocam calor e umidade entre sim e chegam na uniformidade ideal.”

José Renato Alves

Ele contou pra gente que esse café é natural e que o perfil que busca é frutado e lácteo, quase um iogurte de morango. 

“Busco um café frutado mas com peso, corpo. E foi esse café que foi colocado no clube. No fim das contas o café na planta é um só e o pós-colheita garante a qualidade que a planta tem.”

José Renato Alves

Para finalizar, ele falou sobre a região de origem do café especial seleção de fevereiro, a região de Piatã, – Chapada Diamantina/BA. Onde a altitude, o frio e o clima seco proporcionam juntos um retardamento na maturação do café, fazendo ele absorver mais sais e açúcares atingindo níveis mais avançados de BRIX.

Esse processo mais lento na planta, desde a florada até ser colhido, normalmente dura em torno de 7 meses. Mas nesta região, com 1280m de altitude, chega a ser de 9 meses. Outra vantagem é o clima seco que ajuda muito na colheita, além do modelo econômico local possibilitar chegar num café superior.

“O modelo econômico de produção na região é pequeno e artesanal, o que permite chegar na qualidade de forma mais adequada. Seja desde o manejo correto até respeitar o grau elevado de maturação dos grãos. As propriedades locais têm, como esta nossa, de 2 a 3 hectares. Somos pequenos produtores que fazem apenas colheita seletiva.”

José Renato Alves

Ainda sobre a região, o Renato recomenda ler o livro ENTRE A SANTANA E A TROMBA. Do autor Ildimar França, a leitura é uma alusão à dimensão territorial entre as duas serras de onde surge Piatã. Além de retratar os três biomas locais: caatinga, cerrado e mata atlântica.


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