Você já deve ter ouvido falar que os melhores perfumes estão nos pequenos frascos, certo? Ou que tamanho não é documento. No mundo dos cafés especiais, essas são verdades incontestáveis. É cada vez mais comum a produção de microlotes e, menores ainda, nanolotes. Antes de entender a diferença entre os dois, vale a pena falar um pouco mais sobre cada um.
Os micros
Os microlotes surgiram quando alguns produtores perceberam que um determinado talhão de suas terras produzia um fruto mais vistoso, doce e maduro. Com base em um profundo conhecimento da matéria-prima, notaram que o café que crescia ali se diferenciava dos demais em decorrência de pequenas características.
Proprietário do Sítio São Lourenço 2, Zé Rubens conta que o microlote é normalmente o resultado da colheita de um dia, secado em torno de duas semanas em terreiro suspenso. Depois disso, o café é separado em amostras e analisado em detalhes. Ele lembra que o processo é como o do vinho, no qual as condições climáticas precisam ser levadas em consideração na hora de produzir um produto de qualidade superior:
O produtor percebe que em determinado talhão da propriedade dele há um sombreamento que protege o fruto do sol, uma pedra que oferece mais umidade ao solo ou um aclive que altera a altitude. É um processo custoso, o que explica sua valorização no mercado
– explica.
Os nanos
Para diferenciar um microlote de um nanolote, nada melhor do que consultar um engenheiro agrônomo. Lima Deleon conhece bem todo o processo de produção e explica as principais característica dos nanolotes, bem como a sua disseminação entre consumidores que procuram um café superior:
Tecnicamente, os nanolotes vão de dois quilos a uma saca, ou seja, 60 quilos. São caracterizados por um pequeno grupo de plantas que alcançou uma uniformidade no desenvolvimento. Daí seu valor de mercado: em um nanolote não há perda de qualidade. Todo o café colhido e beneficiado mantém o mesmo padrão de qualidade.
Lima lembra que o nanolote tem como foco um nicho bem específico.
Parte de seu sucesso é o forte apelo de marketing, uma vez que podem ser comercializados como ítens exclusivos, já que são produzidos em pequena escala. O problema é quando o valor agregado é exagerado e acaba afastando compradores e consumidores. É preciso estar sempre atento
– alerta.
A gente acredita nos nanolotes
Durante a segunda edição do Coletivo de Portas Abertas, foram torradas e expostas 40 mostras de nanolotes de produtores de Minas, Espírito Santo e Bahia. Muitas sacas foram comercializados ali mesmo, em rodadas de negócio bastante concorridas.
Todo o mês, o Have a Coffee oferece ao público um café diferente. Há, inclusive, lançamento de produtos exclusivos. Muitas vezes nano-lotes. Quer receber em casa?
Eduardo Frota é jornalista, barista e apaixonado por café