São muitas as diferenças entre o café especial e aquele chamado de commodity – que é vendido para a indústria em grandes quantidades, na maioria das vezes sem um controle de qualidade adequado. No entanto, talvez o maior diferencial está em algo que não é tão perceptível quanto sabor, aroma ou acidez. Muito antes de chegar à xícara, o amor e a dedicação pelo café fazem uma diferença enorme na definição do que é um café realmente especial.
Prova disso é a seleção de outubro que o Have a Coffee foi buscar nas montanhas da Serra do Caparaó, na divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais, uma das regiões mais férteis e premiadas do país.
Greciano Lacerda, do Sítio Floresta, é o responsável por um café especial que é fruto de muita dedicação e carinho pelo ofício de cafeicultor. Para ele, não se trata apenas de produzir e vender – também estão envolvidos no processo o conhecimento, a técnica e o prazer em colher os frutos do trabalho na lavoura:
O papel do produtor não é simplesmente produzir e vender para fazer dinheiro. Com o café especial, não é por aí. Claro que todo mundo quer ser remunerado e colher o fruto do trabalho, mas se não tiver um envolvimento especial, se não amar o que faz, é inviável conseguir um resultado de alto nível
– explica.
De avô, pra pai, pra filho.
O café está na família de Greciano há muito tempo, desde a geração de seu avô. No início, a lavoura contemplava apenas o café commodity. Foi somente em 2009 que ele começou a se interessar e a se informar sobre os cafés especiais. Logo no ano seguinte, seu catuaí vermelho começou a apresentar resultados impressionantes.
Em pouco tempo, já estava ganhando prêmios em concursos regionais. De 2011 para cá, seu café sempre esteve nas primeiras colocações, chegando a um terceiro lugar nacional no famoso concurso da Associação Brasileira da Indústria de Café, a ABIC.
A visibilidade dos grãos também proporcionou um movimento que fortalece ainda mais a qualidade da produção do Caparaó. Com dinheiro para investir na formação acadêmica dos filhos, muitos produtores podem agora contar com essa experiência em suas propriedades.
É um movimento inverso: ao invés de permanecer nos grandes centros urbanos, a nova geração de agrônomos, engenheiros ambientais e biólogos acaba preferindo retornar ao campo para aplicar o conhecimento em algo que ama – justamente, aquele carinho tão importante pelo café especial.
A base da agricultura aqui é familiar. No Caparaó, somos todos uma grande família. Sentamos juntos para beber um café e dar boas gargalhadas
– diverte-se Greciano.
A união faz a força do Caparaó.
O sítio de Greciano, que fica localizado na comunidade Pedra Menina, cresceu junto às outras propriedades locais. Por isso, o café dele é a prova de que a força do Caparaó está na parceria e na troca de informações entre os produtores.
Hoje temos um aprofundamento muito maior nas técnicas de cultivo. As iniciativas locais organizam eventos e debates sobre assuntos que interessam a todos os produtores. Toda semana tem um encontro. Há pouco tempo, tivemos uma palestra sobre nutrição do solo, o que ajudou bastante no plantio
– conta Greciano.
Bora provar?
Na xícara, o café do Sítio Floresta tem a acidez típica da região do Caparaó, bem cítrica. O sabor é inconfundível! É uma bebida com doçura bastante presente. Se você ainda não é assinante, clique aqui para receber esse amor de café em casa.
Eduardo Frota é jornalista, barista e apaixonado por café