Num evento no qual o café é a estrela, a chuva não poderia ficar de fora. Ela participou de forma bastante ativa, inclusive: era muita água caindo sobre Venda Nova do Imigrante, interior do Espírito Santo. No entanto, as nuvens carregadas não espantaram o público da segunda edição do Coletivo de Portas Abertas, evento que reuniu produtores, compradores, especialistas e apaixonados pelo mundo dos bons grãos. Muito pelo contrário, o aguaceiro era até comemorado – afinal, as lavouras e reservas hídricas precisam dele.
Assim como as chuvas, os dois dias de programação foram intensos, com muita troca de conhecimento e novas conexões envolvendo toda a cadeia produtiva do café. Quem compareceu ao Coletivo Café pôde participar de oficinas dos mais variados temas, ouvir especialistas falando sobre as novidades do mercado e provar quitutes diversos de pequenos empreendedores locais. Tinha queijo fresquinho da Orolate, cervejas artesanais (uma delas feita com café) da Altezza, uma torta de morango simplesmente deliciosa e vários produtos caseiros, como geleias, biscoitos e massas.
Obviamente, a estrela da companhia era o café. Por isso, o público teve a oportunidade de provar todos os nanolotes inscritos nas rodadas de negociação. T-O-D-O-S, todinhos! Uma mistura maravilhosa de sabores e aromas.
Só o filé – só o café
O time só tinha craque. A começar pela apresentadora, a premiada jornalista Kelly Stein, que emprestou toda a sua simpatia e conhecimento para comandar os bate-papos e debates do sábado, primeiro dia de evento.
No mesmo espaço, era possível testemunhar uma discussão – respeitosa e construtiva, obviamente – entre Lima Deleon, engenheiro agrônomo, e Isabela Raposeiras, uma das mais conhecidas especialistas de café do Brasil. Fred Ayres, Johne Lacerda e seu pai Sr. Tarcísio, da Serra do Caparaó, falaram ao público sobre as bem sucedidas técnicas de produção do Sítio Santa Rita. Mais adiante, no segundo andar do Coletivo, uma oficina de cupping educativo com Rafael Marques atraiu a curiosidade de quem queria entender melhor o processo de prova e classificação de cafés especiais.
Tinha opção para todos os gostos. Os interessados em entender o que faz um barista tiraram suas dúvidas com Renato Gutierrez, que explicou em detalhes as áreas de atuação deste profissional. Isabela Raposeiras lotou o salão ao falar sobre sua experiência em torra, ressaltando a todo o momento a importância de apurar a capacidade de provar café. O professor Lucas Louzada, recém-chegado da Rússia, prendeu a atenção dos produtores ao expor novas tecnologias e seus impactos no preço das sacas, dando uma verdadeira aula sobre fermentação. Felipe Croce, um dos maiores exportadores de cafés especiais do Brasil, deu um panorama completo sobre o mercado internacional.
E pra fechar com chave de ouro…
No domingo, até o sol apareceu para a confraternização num café da manhã muito especial, uma grande celebração desse encontro promovido pelo Have a Coffee. O Coletivo, de portas abertas. As pessoas, de peito aberto. Todos cada vez mais apaixonados pelo mundo do café, prontos a compartilhar, além das xícaras, conhecimento. Todos com muito entusiasmo para moer, hidratar e deixar coar, lentamente, gota por gota, novas experiências.
Colhendo os frutos das nossas relações
As conexões foram muitas. É tanto assunto, que não cabe em um texto só. Porém, como fazemos com as nossas seleções de grãos especiais, queremos compartilhar tudo com vocês. Sendo assim, fiquem de olho: ao longo do mês vamos publicar vídeos e artigos sobre os diversos temas abordados ao longo do Coletivo de Portas Abertas.
E que as portas se abram muito em breve para a terceira edição!
Conheça mais sobre o Coletivo café!
Eduardo Frota é jornalista, barista e apaixonado por café